Festas de fim de ano e a solidão da pessoa idosa.
- José Carlos - Psicólogo
- há 14 horas
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As festas de fim de ano — Natal e Ano-Novo — são tradicionalmente associadas à união familiar, à celebração, aos encontros e à alegria. No entanto, para muitas pessoas idosas, esse período pode acentuar sentimentos de solidão, nostalgia, tristeza e exclusão. A ambivalência entre expectativa social e a realidade pessoal transforma dezembro num momento delicado para a terceira idade. Para muitos idosos, o período festivo potencializa o sentimento de perda — de entes queridos, de laços sociais, de mobilidade ou mesmo de participação nas celebrações.

Segundo um artigo do blog da editora acadêmica da Oxford University Press, essas datas podem “despertar a dor de se lembrar de entes queridos que já se foram” ou reviver saudades de celebrações passadas. Em contextos familiares onde há correria — compras, planejamento de viagens, ceias, eventos —, muitas vezes a pessoa idosa se sente “de fora”.
No Brasil, levantamento recente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) aponta que a solidão é o principal receio dos idosos nessa época do ano. A própria saúde e as condições de mobilidade, que tendem a se agravar com a idade, dificultam a participação em festas, visitas ou encontros — o que contribui para o isolamento.
O fim de ano costuma trazer reflexões existenciais: perdas de amigos, cônjuges, familiares; memórias de tempos passados; e a sensação de que “não há mais tantos vínculos”. Isso pode agravar o sentimento de vazio e de pertencimento. A SBGG, em reportagem de novembro de 2025, indica que muitos idosos acabam se sentindo “de fora” dos preparativos de fim de ano — o que gera sentimento de culpa, ansiedade e melancolia.
A solidão na velhice pode causar consequências graves à saúde: risco aumentado de doenças cardíacas, derrames, declínio cognitivo, demência, depressão, ansiedade e até mortalidade precoce. Ainda que envelhecer envolva naturalmente uma redução no tamanho da rede social, há evidências de que muitos idosos conseguem se adaptar: priorizam relacionamentos profundos e significativos, o que pode moderar a sensação de solidão — mas isso depende de manter vínculos reais e saudáveis.
A solidão e o isolamento social não são apenas questões emocionais — têm impactos concretos na saúde física e mental. Algumas consequências associadas são:
Aumento do risco de doenças crônicas, como problemas cardíacos e acidente vascular cerebral (AVC).
Maior vulnerabilidade a doenças neurodegenerativas e demência.
Queda da autoestima, ansiedade, depressão e sofrimento psicológico. Conforme um estudo recente publicado em 2025, os impactos do isolamento na terceira idade atingem fortemente a autoestima e o bem-estar emocional.
Sensação de inutilidade, de “ser um fardo”, especialmente quando o idoso percebe que a família está muito ocupada, distante ou dividida — algo que se intensifica nas festas, onde há expectativa de convívio e celebração.
Caminhos para acolher e prevenir a solidão na terceira idade
Felizmente, há práticas e estratégias que ajudam a tornar o fim de ano menos doloroso para pessoas idosas, e a promover inclusão, conexão e bem-estar. O envelhecimento saudável envolve a manutenção das capacidades físicas, mentais e sociais que permitem ao indivíduo viver bem e com independência. O processo de envelhecimento traz novos desafios, mas também novas possibilidades. Quando a pessoa idosa encontra um ambiente acolhedor, seguro e estimulante, a vida ganha cor, movimento e significado.

É exatamente isso que o Social Bom Jesus oferece por meio do Núcleo de Convivência para Idosos Seiva da Vida: um espaço criado para promover bem-estar, autonomia, alegria e laços afetivos. Mais do que um serviço social, o Seiva da Vida é um lugar onde histórias se encontram, amizades nascem e a autoestima é fortalecida diariamente. O Núcleo de Convivência para Idosos Seiva da Vida atua com foco na valorização da vida e na construção de um envelhecimento saudável. Aqui, cada pessoa é reconhecida em sua singularidade, e todas as atividades são pensadas para estimular a mente, o corpo e as relações sociais.
O objetivo central é simples e profundo: promover qualidade de vida por meio da convivência, evitando o isolamento e fortalecendo os vínculos familiares e comunitários. O Social Bom Jesus entende que o idoso precisa de movimento, criatividade e espaço para se expressar. Por isso, o Seiva da Vida oferece uma programação variada, como:
Oficinas de artesanato e pintura
Atividades físicas e alongamentos
Dinâmicas de grupo e rodas de conversa
Vivências culturais e musicais
Celebrações festivas e datas comemorativas

Turma de Pilates no Nci Seiva da Vida
Cada encontro é uma oportunidade de aprender algo novo, relembrar talentos, desenvolver habilidades e fortalecer a confiança. Saídas para parques, museus, praças, eventos culturais e pontos turísticos trazem alegria e renovação. Os passeios externos têm um papel fundamental no estímulo da autonomia, no contato com novos ambientes e na sensação de pertencimento. Além disso, proporcionam momentos de lazer e diversão que elevam a autoestima e reforçam o prazer de viver.
Por:
José Carlos Nunes, 48 anos, graduado em Psicologia, Pós-graduado em Saúde Pública. Fiz estágio no CCINTER CLUBE DA TURMA em 2023, atualmente sou Técnico Psicólogo no Núcleo de Convivência para Idosos Seiva da Vida desde Novembro 2024, esse é o meu primeiro emprego na assistência. Meu ramo de atividade sempre foi Corretor de Seguros.
Patrícia Gonçalves de Jesus, 51 anos, graduada em Serviço Social. Atuou em ONGS como a Cáritas Diocesana de 2016 a 2020 em Saica, função de Orientadora Socioeducativa. Atuou como Orientadora Socioeducativa na Casa da Criança e do Adolescente de 2021 a 2023. Atualmente trabalha no Núcleo de Convivência para Idosos Seiva da Vida desde Fevereiro 2025, desenvolvendo a função de Técnica Assistente Social.




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