O papel das ONGs na promoção dos direitos humanos: histórias que transformam.
- Cassiana Rovelo
- há 1 dia
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Segundo dados de 2024 do IPEA, o Brasil conta com mais de 890 mil organizações da sociedade civil, muitas delas atuando diretamente em comunidades de alta vulnerabilidade social, sendo São Paulo o estado como o maior número de organizações, totalizando 181.848, o que representa 20% do total. Essas instituições, conhecidas como ONGs, são fundamentais na promoção dos direitos humanos, oferecendo acesso à educação, saúde, alimentação, cultura, proteção e dignidade para milhares de pessoas que vivem à margem das políticas públicas.

Mais do que preencher lacunas, as ONGs constroem pontes de cidadania, fortalecem vínculos comunitários e ampliam oportunidades. Elas atuam onde o Estado muitas vezes não chega, com escuta ativa, presença constante e ações que respeitam a diversidade e a singularidade de cada território.
O Social Bom Jesus, com 44 anos de atuação, é uma dessas organizações que fazem a diferença. Presente em diversos bairros da Zona Sul de São Paulo, ela transforma realidades por meio de projetos sociais que acolhem, educam e empoderam. E é sobre essa trajetória que fala Cassiana Rovelo, supervisora da instituição, em um relato emocionante que nasceu de uma conversa com seu filho:
"Conversando com meu filho esses dias, relatei alguns casos que marcaram minha caminhada no Social Bom Jesus e percebi, durante essa conversa, que não faltaram histórias de superação, aprendizados, lágrimas, sorrisos, amizades, lutas e saudades.
Relembrar os desafios superados dentro do Social Bom Jesus tem o poder de nos encorajar para o futuro, porque o passado foi sólido e construído em rocha firme. Essa organização teve a sorte de nascer com pessoas que sabiam o que queriam. Talvez não fosse possível, em 1981, projetar esse futuro tão promissor que hoje vivemos, mas o que a geração passada iniciou foi fundamental para solidificar as ações de hoje. O SBJ hoje vive o futuro de um sonho do passado. Isso é histórico e revolucionário.
Talvez nunca consigamos mensurar em dados e registros os impactos gerados na sociedade a partir do trabalho realizado pelo Social Bom Jesus. E sim, consideramos relevantes esses registros, mas assim como 'matar a fome' merece urgência, o nosso fazer é sempre mais importante — ou necessário — que qualquer Business Plan. Adotamos em nossa organização, literalmente, o ditado: 'Caminha que o caminho se faz'.
Atualmente, com 44 anos de existência, o Social Bom Jesus tem a sorte de contar com pessoas competentes e especiais na linha de frente dos trabalhos em diversas comunidades da cidade de São Paulo. Sabemos que estamos longe do ideal, mas também sabemos onde queremos chegar — e acredite, chegaremos lá.
Na conversa com meu filho, percebi que muitos detalhes de tudo que vivi e senti trabalhando nessa organização se perderam. Datas, nomes, momentos. A confusão de alguns acontecimentos já não me permite precisar tudo, porém a essência do que foi vivido permanece. Cada história compartilhada, cada caso resolvido, cada partida sentida, cada vitória conquistada me ensinaram como profissional, me moldaram como mulher e me ajudaram a ser mãe e filha.
O Social Bom Jesus é gigante. Escrevo com saudades daqueles que por aqui passaram, trabalharam e que partiram. Escrevo com lágrimas nos olhos e a sensação de gratidão por fazer parte dessas histórias que atravessaram a minha história.
Por fim, o tempo vai cumprindo seu papel — e o Social Bom Jesus também. Dentro do que é possível e real, a diretoria, os trabalhadores e os parceiros do SBJ caminham para alcançar um objetivo comum: FAZER UM MUNDO MELHOR. Pode parecer utópico, mas acreditamos realmente nisso. Celebramos cada passo dado e cada conquista pequena do dia a dia. Os desafios são muitos, talvez incontáveis, mas seguimos de pé, firmes no propósito de ver o futuro com a mesma esperança das gerações passadas.
SBJ: 44 anos e contando..."
Em conclusão, o legado do Social Bom Jesus vai muito além dos números e das estatísticas. É uma história viva de dedicação, esperança e transformação social que inspira não apenas as comunidades atendidas, mas toda a sociedade. O compromisso contínuo de seus colaboradores e parceiros reforça a importância de acreditar em um futuro melhor, construído com solidariedade e ação concreta. Que essa trajetória sirva de exemplo e motivação para que mais pessoas e organizações se unam na luta por direitos humanos e justiça social.
Por: Cassiana Rovelo Professora formada em Estudos Sociais com ênfase em Geografia, psicopedagoga e pós-graduada em Gestão do Terceiro Setor pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com 24 anos de experiência no Social Bom Jesus, iniciou sua trajetória como técnica educadora em mediação socioeducativa de liberdade assistida. Ao longo dos anos, desempenhou funções de gestão em diversos serviços da instituição, como o Saica, CEI, SASF e Ccinter.
Há 15 anos, Cassiana ocupa o cargo de supervisora, sendo responsável pela coordenação de 19 serviços prestados pela organização, além de colaborar diretamente com a gestão da Organização da Sociedade Civil (OSC). Seu trabalho é pautado pela busca contínua por excelência nos serviços sociais e pelo compromisso com o desenvolvimento de ações que promovam a inclusão e o bem-estar da comunidade atendida.




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